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Ele acredita que com a iniciativa é possível recuperar e preservar os serviços ecossistêmicos, em especial as águas das 26 microbacias e do Cinturão Verde 

Dentro da programação da VI Mostra de Extensão, Ciência e Tecnologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), ocorre no dia 30 de outubro, às 19h15, a apresentação de nove trabalhos desenvolvidos por estudantes dos Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade. A atividade integra a VI Mostra da Pós-Graduação Stricto Sensu, que tem como objetivo divulgar os cursos de Mestrado e Doutorado da Instituição, por meio da apresentação de um trabalho indicado por cada Programa. 

Um dos estudos escolhidos tem como título “Programa Sistêmico Municipal de Preservação Ambiental (PPA)” elaborado pelo doutorando do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental (PPGTA) da Unisc, Günther Knak, com orientação dos professores Eduardo Lobo Alcayaga e Liane Mählmann Kipper.

Segundo o pesquisador, em julho de 2023, foi entregue à Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul o documento denominado “Carta Aberta”, elaborado pelos organizadores da Semana do Meio Ambiente no município. O material fez alertas sobre a necessidade de preservação do Cinturão Verde, indicando ações a serem implementadas para a manutenção do Cinturão. Neste contexto, recebeu o convite do professor Eduardo Lobo para avaliar e pensar alternativas de alocação ou financiamento de recursos necessários para as ações de preservação demandadas, considerando a experiência profissional de Günther no setor financeiro. 

“Foram três semanas de imersão no tema para o entendimento do histórico e da evolução dos esforços a nível global, regional e local, e das formas de financiamento climático de projetos de descarbonização e de compensação das emissões de gases efeito estufa. Ficou evidenciado uma ampla lacuna de gestão ambiental, mas possuímos em nosso município todas as competências necessárias para darmos uma resposta à demanda da Carta Aberta”, fala.

A proposta do PPA é acrescentar, ao cotidiano, uma dinâmica para compensar a pegada de carbono advindo do consumo de combustíveis fósseis, equalizando as lacunas de comportamento da sociedade e do mercado. Com olhar sistêmico e de pertencimento dos poderes públicos, das empresas e da sociedade civil, através da educação para consciência e atitude ambientais, o objetivo é ampliar o aporte de recursos para o financiamento de programas de Pagamento de Serviços Ambientais (PSA), recuperando e preservando o Cinturão Verde e as microbacias do município, tendo como objetivo final, a preservação dos serviços ecossistêmicos e a qualidade das águas que abastecem os cidadãos do município.

“A proposta elaborada no PPGTA, foi apresentada ao Conselho Municipal do Meio Ambiente, ao Poder Executivo, ao Sindicontábil VRP, para algumas empresas do município que atuam com programas de ações Ambientais, Sociais e de Governança (ESG, sigla em Inglês), e ao Ministério Público, objetivando o entendimento, do fazer sentido, de se justificar como um Programa coordenado e de gestão ambiental. Sugestões foram incorporadas e o modelo operacional com pertencimento ambiental está se consolidando.”

O pesquisador argumenta que algumas empresas que atuam em Santa Cruz do Sul já possuem ações de descarbonização e compensação das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), participando do pacto global com programas de ESG. O PPA permitirá às empresas e as instituições públicas, independente da área de atuação e do seu porte, trabalhar o “Ambiente”.  “Dentre os gases que estão provocando o efeito estufa, 78% dessas emissões são advindas da queima de combustíveis fósseis (Gasolina, Diesel, Carvão), com destaque para o Carbono (CO2). As empresas poderão compensar, de forma voluntária, a emissão de carbono. Já a plataforma tecnológica e o aplicativo estão sendo desenvolvidos com o apoio de professores e estudantes do Curso de Ciências da Computação da Unisc.”

No mesmo contexto, o cidadão pode compensar as emissões. “Mas o mais relevante, se for possível na realidade de cada empresa/cidadão, deve ser a redução do consumo de combustível fóssil, como por exemplo, por meio do abastecimento com etanol e transporte com veículos elétricos (com menor emissão de GEE), deslocamento de bicicleta ou a pé. Para entendermos a dimensão do passivo ambiental com a aquisição anual de 66,5 milhões de litros de combustíveis em nosso município (71,4% gasolina, 28,1% diesel e 0,5% etanol), o estudo do ciclo de vida (ACV) apontou a emissão de 186.000 toneladas de CO2 equivalente por litro anualmente.”

Para ele, a importância do PPA está em criar uma resposta coordenada e sistêmica para um desafio ambiental, que é local e global. “O PPA permite que Santa Cruz do Sul preencha uma lacuna crítica de gestão ambiental. Através dele, conseguiremos conectar três elementos fundamentais: primeiro, a conscientização da sociedade sobre a emissão de carbono; segundo, a mobilização continuada de recursos financeiros como a compensação efetiva da pegada de carbono; e, terceiro, ampliação dos programas de recuperação e preservação ambiental através do PSA, objetivando a proteção de nossas áreas verdes.”

O grande diferencial é que o Programa transforma o consumo cotidiano de combustíveis fósseis em uma oportunidade de preservação. “Além disso, o PPA democratiza a ação ambiental. Empresas de qualquer porte podem exercitar seu compromisso ESG de forma prática e mensurável, e os cidadãos podem participar ativamente da preservação ambiental. Com base neste enfoque, e com o potencial da compensação voluntária pela emissão dos GEE oriundos da aquisição desses combustíveis pelas empresas, instituições públicas e pessoas físicas, poderemos recuperar e preservar os serviços ecossistêmicos em nosso município, em especial as águas das 26 microbacias e do Cinturão Verde.”

Inscrições abertas

Os Programas de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado da Unisc estão com inscrições abertas, incluindo o Mestrado e Doutorado em Tecnologia Ambiental. Os interessados podem realizar a inscrição até o dia 17 de novembro, em unisc.br/mestradoedoutorado.

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