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Foi divulgado, no dia 22 de agosto, o vencedor do 2° Concurso Minha história dá um filme, projeto idealizado e produzido pela agência A4, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, que vai contar a história escolhida através de um curta-metragem. Neste ano, o concurso teve como tema Histórias de vida: memórias do lugar onde eu vivo, tendo recebido 44 histórias produzidas por alunos do 8° e do 9° ano do Ensino Fundamental da rede municipal de Santa Cruz do Sul.

O vencedor foi o aluno Eduardo Flores, 15 anos, da escola EMEF Duque de Caxias. Com as ajudas de sua pedagoga e de sua mãe, Eduardo escreveu o texto Um jeito artista de ser: o autismo além de quatro paredes, onde fala sobre seu jeito, sua família, seu dia a dia relata alguns momentos marcantes da sua vida e fala sobre a dificuldade ser autista.

O professor da Unisc e coordenador do projeto, Diego Weigelt, afirma que se trata de um projeto desenvolvido por muitas mãos. “Nessa segunda edição, também tivemos muitas participações, porque os professores e diretores do ensino municipal acreditam no projeto, sabem que ele busca ouvir, integrar e valorizar os alunos e as escolas. Queremos contar a história do Eduardo de uma forma sensível, que emocione, como fizemos com a do Kauã, ganhador da primeira edição", ressaltou.

Os produtores do curta mostraram-se empolgados com a escolha do texto: “Nós lemos todas as histórias e acabamos escolhendo a que mais nos emocionou, porque o Eduardo narra detalhadamente o mundo no seu ponto de vista”, disse Bruno Granata, aluno do curso de Produção em Mídia Audiovisual (PMA) da Unisc. Para Eduarda Zarpellon, ver a emoção do escolhido foi muito emocionante: “Ele estava super empolgado!”, contou a aluna de PMA. O filme agora está na fase de pré-produção.

A estreia do curta será na noite de abertura do 2° Festival Santa Cruz de Cinema, que ocorre entre 22 e 25 de outubro.

 

Trechos do texto:


"Por causa do autismo, minha memória é muito boa, consigo lembrar bem de quase tudo que me acontece, principalmente se for muito bom, ou muito ruim. Lembro bem que na minha infância uma das coisas que mais gostava de fazer era ficar na frente de casa olhando o movimento da rua, só que para isso eu vestia minhas roupas favoritas: camisa social, calça jeans, sapato, gravata (roupas que na verdade eram todas do meu pai)! Sentia-me muito bem, imaginava como se fosse um dos personagens dos filmes e séries que assistia repetidas vezes. Porque quando eu gostava de um filme ou programa, assistia várias vezes, assim decorava as falas, os gestos e depois as encenava. Bem, outra coisinha, é que tenho um pouco de dificuldade em separar a fantasia da realidade. Por um bom tempo o Josh, do seriado Drake e Josh, vinha comigo às aulas e eu deixava uma cadeira reservada ao meu lado para ele"

"Quanto ao futuro, não sei o que virá, espero que muitas coisa boas! Seguimos vivendo um dia de cada vez. Na maioria dos dias sou feliz como sou, com o que tenho, com meus sonhos, minha família. Aprendi a ser grato, agradeço primeiro a Deus, pois ele me fez um cara de sorte, tenho minha família que me ama, meus parentes, meus amigos, meus professores, monitor, colegas, médicos, terapeutas, vizinhos, e eu amo a todos eles. Gosto de pensar que Deus os escolheu e os colocou em nossas vidas (como anjos). Todos, cada um deles, do seu jeito, me ajudam a encarar os desafios da vida. Tenho minhas limitações, mas também tenho minhas potencialidades. Não sei mentir, disfarçar, quando não gosto, não gosto mesmo, e acabo dizendo, sou verdadeiro, direto. O mesmo quando gosto de algo ou alguém, sempre digo. Não entendo bem o duplo sentido das coisas, talvez algum dia possa entender. É a minha forma pura de viver. Sou feliz bem do meu jeitinho, porque sei que sou amado e sei amar. Acho que estou bem sabido”.

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